O Luto e o recomeço

É muito fácil mandar o outro se levantar e esquecer quem morreu, sem se colocar no lugar de quem perdeu alguém e entender quais são os sentimentos envolvidos em relação à perda de um ente querido.

O poeta Vinicius de Moraes já dizia em seu Soneto da Separação que “fez-se do amigo próximo o distante;  fez-se da vida uma aventura errante; de repente, não mais que de repente”.

Assim vem a morte. De repente, na surdina, de um dia para o outro a mesa fica sem um prato, o quarto já não tem dono, a cadeira fica vazia. E não sabemos o que fazer com o sentimento de solidão e o vácuo deixado pela ausência de quem partiu.

Para quem ficou, tudo vira lembrança: uma música, uma frase, uma visita, um texto, um programa de televisão… É difícil se desvencilhar dos pensamentos que remetem aos bons tempos, mas é preciso seguir em frente e separar a vida de hoje da que foi no passado.

Dizem que quem morre é quem fica sozinho, porque quem fica na Terra tem muitos amigos para ajudar a superar a solidão. Seja como for, a vida continua e é preciso retomar o trabalho, os estudos e os afazeres de casa.

Um bom começo é doar ou guardar os pertences de quem partiu. A pior atitude é a de deixar para mexer nas coisas depois. Quanto mais tempo demorar, pior. Se você acha que não tem estrutura para encarar a realidade, faça de conta que a pessoa viajou e vai demorar para voltar. Assim ficará mais fácil encarar os primeiros tempos.

Com a casa limpa e encarando a ausência será mais fácil recomeçar. Não é fácil no começo. Tente traçar novos planos, sair mais com os amigos, viajar, ler livros, começar um novo curso…

Com o tempo, você vai ver que a dor vai diminuir. A saudade sempre vai ficar, mas vai ser mais fácil caminhar sozinho.