A morte é certa?
A professora doutora Maria de Fátima Freire de Sá escreveu que “morrer é parte integral da vida, tão natural e previsível quanto nascer. É inevitável. Todos morrem um dia, é apenas uma questão de tempo. O que é mais assustador é que ninguém sabe o que lhe espera depois da vida”.
Antigamente, os avós costumavam dizer “vamos fazer “tal coisa”, porque a morte é certa”, onde “tal coisa” poderia ser qualquer ação: levantar, andar, trabalhar, tricotar, costurar, consertar a janela…
Se a morte é mesmo certa, por que as pessoas fingem que ela não existe? Por que na sociedade moderna se vive como se não houvesse amanhã?
De um modo geral, a população tem consciência que a morte vai chegar. Um dia, bem longe. Mas, às vezes, ela bate na porta sem a menor cerimônia, seja por um acidente ou por uma notificação médica, que dá conta do fim.
Antigamente, os médicos não contavam a história real para o paciente. Ele era muito enganado. O corpo era dele, a vida era dele, porém ele era o último a saber da sua situação e, muitas vezes, morria sem nem desconfiar do que realmente estava provocando o seu fim.
Hoje, graças ao direito da informação, os médicos são obrigados a contar. Mas eles também podem não contar, se o paciente não quiser saber. Do mesmo jeito que o paciente pode dizer e deixar determinado como quer ser tratado caso seja surpreendido por uma doença terminal. E se estiver em São Paulo, o paciente ainda pode usar a lei Mário Covas e escolher morrer em casa, ao lado dos seus.
É verdade que há controvérsias, há muitas questões que ainda precisam ser discutidas, mas ter tudo preparado para quando o imponderável acontecer é infinitamente melhor do que não ter deixado nada determinado e ficar à mercê da vontade dos médicos e da família.