Eu sim x eu não
Quando o médico chama no consultório para dar um diagnóstico terminal e um provável prognóstico de vida, o mundo vira de ponta cabeça. Você fica sem chão, a vida parece sem sentido e a família e os médicos passam a querer ditar as regras da sua vida.
Pouco ou médio tempo significam, na verdade, que você não vai mais estar aqui no planeta Terra a curto ou médio prazo. Essa informação, embora trágica, pode até ser boa, porque conhecedor do seu destino, você pode se programar para se despedir das pessoas que gosta, fazer o que queria e ficou postergando, planejar sua partida…
Pense que muita gente – crianças, jovens, adultos e velhos – acredita que vai viver muito, sai na rua e leva um tiro, ou é atropelada, ou cai e bate a cabeça, ou é vítima de um acidente aéreo, marítimo, de um tsunami como aconteceu recentemente na Indonésia ou, simplesmente, tem um mal súbito e morre. Elas vão embora sem aviso prévio.
Como você recebeu o bilhete azul, vai poder respirar, parar, pensar e efetivamente decidir o que quer e o que não quer fazer nos seus últimos dias, meses ou anos.
Além de resolver o que quer fazer da vida, você precisa pensar no seu tratamento. No seu tempo, mas é crucial decidir o que quer e o que não quer e quando vai querer algum tipo de remédio ou tratamento.
Existem dois tipos de paciente:
a) o EU SIM. Ele quer todo tipo de cuidado. Se existe possibilidade de melhorar, ele quer experimentar, não importando o que seja. Esse doente, se pudesse, seria congelado para esperar a cura da sua doença. Ele aceita ser intubado, fazer traqueostomia, ser ressuscitado, enfim…. Qualquer oferta da indústria química ou farmacêutica ele está disposto a colaborar. Se é para tentar preservar sua vida por mais cinco minutos, uma hora, um dia, uma semana, um mês, tanto faz, ele vai aceitar e fazer esse tratamento com alegria, porque tem esperança de se curar e sobreviver.
b) o EU NÃO. Esse paciente acredita que as pessoas nascem, crescem e morrem no dia certo. E ele não quer sofrer para morrer, nem ficar cinco minutos a mais aqui na Terra só porque um remédio vai deixá-lo mais tempo na cama, com tubos pendurados em todos os orifícios do seu corpo. Se for um tratamento alternativo ele até se dispõe a experimentar, mas nada que for invasivo vai fazê-lo mudar de ideia. Ele acredita na morte digna e no tempo que tem que ser vivido. Recusa o ressuscitamento, a traqueostomia, a quimioterapia e a radioterapia, mas aceita os cuidados paliativos.
O que são cuidados paliativos
Paliativo é um nome que assusta. Parece que ninguém vai fazer nada. Paliar significa acalmar, abrandar, atenuar ou protelar e, na área médica cuidado paliativos é sinônimo de um tratamento multiprofissional, focado na qualidade de vida de quem tem uma doença grave ou terminal, ajudando muito a enfrentar a dor.
Paliar é deixar a dor de lado e o paciente sem sofrimento e confortável esperando sua hora certa de partir.
Seja qual for o seu perfil, Eu sim ou Eu não, o importante é que, preferencialmente antes de ficar doente, você deixe claro quais são as suas Diretivas Antecipadas de Vontade. Deixe as pessoas saberem o que você quer para o seu corpo, que tratamentos aceita e, se possível, faça seu Testamento Vital para ter mais garantias que seu desejo poderá ser respeitado.